Ettore Bugatti nasceu em 1881 na cidade de Milão, no seio de uma família ligada à arte. Esta herança familiar esteve patente ao longo de uma vida dedicada aos automóveis, onde fez questão de aliar a elegância das formas a arrojadas soluções tecnológicas.
Entre 1898 e 1909, o jovem Ettore esteve associado a vários construtores. Aos 21 anos já desenhava as carroçarias dos De Dietrich. Depois, trabalhou ainda para a Mathis e a Deutz, mas acabou por se estabelecer em Molsheim (Alsácia), perto de Estrasburgo, numa altura em que este era um território alemão. Foi aí que em 1910 construiu o primeiro automóvel com o seu nome: o Bugatti Type 13 equipado com um motor de quatro cilindros com 1327 cc, com uma árvore de cames à cabeça. Quatro anos mais tarde, o italiano apresentou um motor de 16 válvulas, que ficou para a história como o primeiro a ser produzido em série.
Numa altura em que a produção em série estava por inventar, Ettore Bugatti também deu um importante contributo para uma nova solução, ao aproveitar elementos comuns, utilizados em vários modelos, inovando com a criação de elementos modulares partilhados pelos mais diversos automóveis que produzia.
A utilização de chassis comuns para diferentes modelos pode ser vista como a origem das plataformas partilhadas por vários veículos que a indústria automóvel elegeu na actualidade. Entre 1920 e 1930, esta solução fez a prosperidade de Ettore Bugatti. Hoje é a solução financeira para rentabilizar os grandes colossos da indústria automóvel.
Em 1930 a Bugatti ainda produziu um modelo de 16 cilindros destinado à competição, embora este só tenha tido algum sucesso depois de algumas alterações introduzidas por Jean, o filho de Ettore. Contudo, com o início da II Guerra Mundial, o mundo de Ettore Bugatti ruiu. Depois da morte da mulher e do filho em 1939, o seu talento apagou-se. No final da guerra, quando a Alsácia deixou de ser alemã para voltar a ser francesa, foi preso sob a acusação de colaboração com os nazis. Morreu em 1947 – há 69 anos – em Paris...
39 anos depois, Romano Artioli recuperou o nome Bugatti. Adquiriu o direito de utilização, investiu milhões que nunca ninguém soube de onde vinham, e criou a "nova Bugatti" que em 1992 lançou o EB 110 com motores V12 turbo de 3,5 litros de cilindrada.
Quem o guiou afirmou que era um automóvel fantástico. Tinha um habitáculo soberbo e performances do outro mundo. À partida tinha tudo, mas não teve clientes, e Romano Artioli declarou falência. O tempo passou e, quando se pensava que a Bugatti tinha finalmente entrado na galeria da memória, Ferdinand Piech, o então patrão do Grupo VW, adquiriu o nome, comprou o castelo de Molsheim onde viveu Ettore e instalou aí a "nova" Bugatti que desde então desenvolveu o Veyron 16.4, que só esteve disponível no final de 2006 para alguns clientes capazes de pagar 1 000 000 de euros por um automóvel. A produção estendeu-se até 2015 e este ano foi apresentado o novo Chiron.